O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, rejeitou nesta sexta-feira (7) qualquer negociação com o governo americano, liderado por Donald Trump. Segundo ele, medidas nesse sentido “não são sábias, inteligentes e honrosas”.
“Não se deve negociar com tal governo (os EUA), negociar não é sábio, não é inteligente e não é honroso”, declarou a maior autoridade política e religiosa da República Islâmica do Irã em uma reunião com oficiais militares em Teerã, segundo informações da agência de notícias estatal IRNA.
Khamenei justificou sua decisão com base no histórico que tem com Washington. Segundo ele, “o Irã negociou com os EUA anos atrás, um acordo foi alcançado, mas os americanos o quebraram”, em referência ao pacto nuclear de 2015 que Trump abandonou em 2018 para impor novamente sanções econômicas ao país islâmico.
O líder máximo do Irã mencionou ainda que no acordo de 2015, que limitou o programa nuclear do Irã em troca do levantamento das sanções, Teerã “fez concessões, cedeu, mas não alcançou os resultados esperados”.
Khamenei reforçou que o regime iraniano está preparado para responder a possíveis ameaças americanas, citando grupos aliados da região, como o Hezbollah no Líbano.
“Se os americanos atacarem a segurança da nação iraniana, nós também atacaremos a segurança deles sem hesitação. Se eles nos ameaçarem, nós os ameaçaremos. Se eles cumprirem essa ameaça, nós também a cumpriremos”, afirmou Khamenei na reunião com os comandantes da Força Aérea Iraniana e da Defesa Aérea do Exército Iraniano, realizada após Trump declarar que está aberto para possíveis tratativas entre os dois países nesse segundo mandato.
Ainda no discurso, o aiatolá deixou claro que mantém sua posição contra a existência do Estado de Israel ao afirmar que “toda a Palestina, do rio ao mar, pertence ao povo palestino”.
O governo americano assinou na terça-feira um memorando ordenando que o Tesouro e outras agências do governo dos EUA apliquem a máxima pressão econômica sobre o Irã para impedir que o país desenvolva armas nucleares.
Trump também impôs novas sanções ao setor de petróleo de Teerã nesta quinta-feira, tendo como alvo uma rede internacional por facilitar o envio de milhões de barris de petróleo iraniano no valor de centenas de milhões de dólares para a China.
Apesar disso, o republicano disse na quarta-feira que gostaria de chegar a um novo acordo nuclear “verificado” com o Irã e pediu que o trabalho comece “imediatamente” nesse sentido, ao mesmo tempo em que rejeitou como “muito exagerados” os relatos de que ele quer cortar o país islâmico em pedaços.
O Irã, por sua vez, argumentou que se a principal questão para os EUA é que o país não obtenha armas nucleares, suas diferenças podem ser resolvidas e que “não há problema”, em resposta às alegações do presidente americano.
Após a saída dos EUA do acordo nuclear, o Irã tem enriquecido urânio bem acima do nível permitido e já possui 182,3 quilos enriquecidos com 60% de pureza, perto dos 90% para uso militar, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).