Pouco mais de um mês após recusar um convite para assumir o comando do Botafogo, o técnico André Jardine, do América, do México, explicou por que disse “não” ao clube carioca. O treinador citou Jürgen Klopp, ex-Liverpool e que hoje não exerce mais a função, como exemplo para a decisão. Ele disse que não quer treinar “vários clubes na carreira”.
Jardine está no América desde o meio de 2023 e já conquistou seis títulos pela equipe, se tornando o técnico mais vitorioso da história do clube. O profissional, de 45 anos, já dirigiu times profissionais no São Paulo e Atlético San Luis (também do México), além seleções brasileiras de base — em que conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio, disputadas em 2021.
“Foram dias de muita reflexão (sobre a conversa com o Botafogo). Eu não esperava um convite deste porte tão rápido. E realmente aconteceu. No primeiro contato, deixei muito claro ao Botafogo que tinha uma cláusula muito forte de rescisão com o América-MEX. E que, se o Botafogo não estivesse de acordo em apagar, não precisaríamos avançar nas conversas. A cláusula era de 3 milhões, que é bastante alta. Não lembro no Brasil de algum clube que tenha pago este valor a algum treinador. E me surpreendi quando disseram que isso não seria problema (pagar)”, iniciou, em entrevista exclusiva à ESPN México.
“A partir daí, até por respeito à instituição Botafogo, por seu dono, o John Textor, que é uma pessoa importante no futebol, eu escutei o projeto, suas ideias e entendi o quanto me viam nisto. Pedi alguns dias para pensar para saber exatamente o que seria melhor para minha carreira e vida”, seguiu.
“Eu me sentia muito bem, e ainda me sinto, no América-MEX. Pensando com a família, a sensação foi de que não terminamos o que viemos fazer aqui. Não quero ser desses treinadores de vários clubes na carreira, que mudam o tempo todo. Pelo contrário. Admiro muito o Jurgen Klopp, que tem dois ou três clubes e encerrou a carreira com muito tempo em cada clube”, completou. O alemão Klopp dirigiu apenas Mainz 05, Borussia Dortmund e Liverpool em 23 anos à beira dos gramados.
O brasileiro já está marcando o nome no futebol mexicano, mesmo em menos de dois anos no América. Isso pesou para a escolha.
“O mais importante é o vínculo que criamos com tudo, com os jogadores, diretores e torcedores. Isso requer tempo. Vamos viver grandes momentos, outros nem tanto. Mas essa convivência e sinergia que se criam eu valorizo muito. Estamos construindo isso no América-MEX. E isso tem um valor muito mais alto do que uma oferta maior de salário e tempo de contrato. Vamos ver se consigo cumprir, não é simples. Isso porque às vezes as coisas te movem. Principalmente quando chegam valores do futebol árabe, que chegam pagando muito. Quero tentar não me iludir com esses valores. Isso me parece o mais correto”, finalizou.