O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou neste final de semana que o PT só vai pensar em fazer um sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2030, e que não há um “plano B” para a eleição presidencial do ano que vem.
Tanto Randolfe como o próprio governo aguardavam a eleição das novas presidências do Congresso neste final de semana para começar a desenhar a reforma ministerial, que pode dar mais espaço para partidos do centrão na Esplanada. O objetivo é tentar manter a coalizão que elegeu Lula em 2022 para a disputa de 2026.
“Nunca cogitamos outro plano senão o Lula presidente novamente. O campo democrático, que não é o campo da esquerda, sem o Lula, não chega na esquina. Eventual sucessão de Lula? A gente pensa para 2030. Agora, não há plano B”, disse Randolfe em entrevista ao Estadão publicada neste domingo (2).
De acordo com ele, a coalizão que elegeu o petista para este terceiro mandato vai depender mais do que apenas a reforma ministerial. A popularidade de Lula, que está em queda, também contará para manter os partidos do centrão junto do governo.
“Essa conta, para ser fechada, depende muito também de que nível o governo vai chegar até 2026. Tem um fator, a aprovação popular e a inevitabilidade de uma reeleição, que é mais atrativo para termos mais partidos”, reconheceu.
As últimas pesquisas de opinião divulgadas neste ano apontam que a desaprovação a Lula já está começando a superar a aprovação, principalmente por conta dos altos preços dos alimentos e da crise do PIX, que fez o governo recuar da decisão de monitorar as transações acima de R$ 5 mil.
No entanto, para o líder do governo, estes foram problemas pontuais que serão corrigidos pela comunicação – e com Lula falando mais como estratégia. Isso tem sido visto nas últimas aparições dele, com mais discursos e até uma entrevista coletiva na semana passada.
“Pesquisa é fotografia do momento. Essa pesquisa retratou um equívoco, que foi a condução da situação sobre o Pix. Fotografou o momento de raiva, de reação de parte do eleitorado sobre uma medida que pegou o próprio governo de surpresa. […] A comunicação do governo tem que ter a sensibilidade que eles estão trabalhando com o maior comunicador da história brasileira nos últimos anos, que é o próprio presidente da República. Quanto mais esse comunicador falar com o povo brasileiro, melhor”, pontuou.
A reforma ministerial que está sendo desenhada pode abrir mais espaço principalmente ao PSD, que já ocupa três ministérios na Esplanada, mas pode ganhar mais espaço e evitar que saia da base para a oposição. Isso ficou mais evidente após o presidente do partido, Gilberto Kassab, criticar o ministro Fernando Haddad (Fazenda) – chamando-o de “fraco” – e dizer que Lula não seria reeleito se a eleição fosse hoje.
“Quando eu vi a história do companheiro Kassab, eu comecei a rir. Porque como ele disse: se a eleição fosse hoje, eu perderia, eu olhei no calendário e percebi que a eleição vai ser só daqui a dois anos, eu fiquei muito despreocupado, porque hoje não tem eleição”, disse Lula pontuando que não se deve antecipar a disputa de 2026, e que quer trabalhar por 2025 para entregar as promessas de governo que começaram a ser executadas nos últimos dois anos.
Sobre Haddad, Lula disse que “é importante a gente lembrar: eu posso não gostar pessoalmente de uma pessoa, eu posso ter crítica pessoal àquela pessoa, mas não reconhecer que o companheiro Haddad começou o nosso governo coordenando a PEC da Transição? Porque a gente não tinha dinheiro para governar o país em 2023 e nós conseguimos”.