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7 Restaurantes Que Provam a Força da Alta Gastronomia no Rio

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Um dos balcões mais exclusivos entre os restaurantes do Rio de Janeiro: o Lasai, para 10 pessoas por noite

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Que o Brasil é epicentro de uma das culturas culinárias mais ricas do mundo, não é novidade para ninguém. Mas quando o assunto é alta gastronomia, São Paulo sempre conquistou mais os holofotes do que qualquer outra cidade do país. Por muitos anos, a capital paulista não só manteve esse status no senso comum, mas nos prêmios: teve o primeiro restaurante duas estrelas Michelin do Brasil, o D.O.M, logo na primeira edição do guia em 2015, e por anos dominou entre as cidades brasileiras em rankings como 50 Best e La Liste.

Agora o jogo parece ter virado com a ascensão da cena no Rio de Janeiro. Pela primeira vez em 12 anos de história do Latin America’s 50 Best Restaurants, um restaurante carioca foi o mais bem colocado entre os brasileiros: o Lasai, do chef Rafa Costa e Silva, apareceu na 7ª posição em 2024, desbancando a paulista A Casa do Porco. No Michelin, enfim um empate, com São Paulo e Rio com três restaurantes duplamente estrelados cada.

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Depois de uma temporada internacional, inclusive no estrelado Mugaritz, o chef Rafa Costa e Silva abriu seu próprio restaurante no Rio de Janeiro em 2014

Não existe coincidência. Esse movimento vai exatamente de encontro com a intenção da atual administração carioca: tornar o Rio um grande destino do turismo gastronômico. Inspirados na estratégia de soft power peruana, que levou a culinária local ao topo da gastronomia mundial e impulsionou turistas a visitarem o país por sua comida, a Cidade Maravilhosa quer fazer o mesmo – para além das praias e do samba, ela também quer ser conhecida pela oferta gastronômica.

Estimativas da prefeitura do Rio indicam que a aposta tem potencial. O mercado do turismo gastronômico mundial hoje é avaliado em US$ 805 bilhões, segundo a empresa de pesquisa Straits Research. Na capital fluminense, isso significaria aumentar a arrecadação da cidade em até R$ 357,2 milhões, trazendo mais 2 milhões de turistas estrangeiros em 10 anos, mostrou um estudo da Secretaria de Turismo.

Então, qual a oferta carioca? Além dos infinitos botecos e comida de rua – patrimônio de muitíssimo valor da cidade –, a alta gastronomia também tem nome e voz por lá.

A Forbes separou 7 restaurantes no Rio de Janeiro, visitados e aprovados pela reportagem, para uma experiência gastronômica carioca de alto nível. Confira:



  • Lasai

    Já com duas estrelas Michelin, o Lasai viu suas reservas ficarem ainda mais disputadas desde novembro, depois do título de melhor restaurante do Brasil e 7º melhor da América Latina pela lista 50 Best. A proeza é do chef Rafa Costa e Silva e equipe, que dão um espetáculo de cozinha de produto em Botafogo. O palco é um balcão em L, onde apenas 10 sortudos por noite acompanham os cozinheiros perfeitamente orquestrados em uma degustação de 15 pratos – que muda constantemente, a depender do que a natureza der de melhor.

    Frescor é a palavra-chave do chef. Para isso, 80% do menu vem direto das duas hortas do chef, seus oásis de fertilidade à menor distância possível do restaurante. “Servimos à noite um vegetal colhido de manhã. Tudo é plantado com muito cuidado e mimo”, orgulha-se Rafa. Dali, saem a mais linda e colorida variedade de cenouras, abobrinhas, couves-flor e tantos outros legumes e raízes que você talvez nem tenha ouvido falar antes de se sentar no Lasai – tipo pepino-melão, a alcachofra de Jerusalém ou a beterraba branca.

    Descontraída, a maior parte da experiência envolve snacks para comer com a mão, como um crocante de folha com creme de ervas e arauta (uma salada deliciosa em formato de petisco), ou o tempurá de chuchu com bluefin. Com tamanha sazonalidade, cada ida ao restaurante será única.

    Outro grande ponto alto do Lasai é a harmonização, daquelas que nem de longe passam despercebidas ao final da refeição. Culpa da sommelier Maíra Freire – eleita a sommelière do ano pelo Guia Michelin 2024 – e sua habilidade de garimpar rótulos diferentões e fora do lugar comum. De saquê do japão a um Pinot Gris da Alsácia, o Brasil é o que mais brilha nas taças. Exemplo é a cerveja Reserva Brasil, da Fermentaria Local, que surpreende: com base de mandioca e milho, é envelhecida em amburana e leva mel de mandaçaia, uma abelha nativa. Memorável.

    O menu degustação sai por R$ 1.250 por pessoa, com mais R$ 680 com a harmonização.



  • Oseille

    Além de se dividir entre os ótimos bistrô Toto e o boteco Tijolada, de perfil mais informal e descomplicado, Thomas Troisgros se dedica à alta gastronomia no Oseille, em Ipanema. É ali, no segundo andar do Toto, para uma bancada de 16 comensais, que ele exerce sua criatividade. Mas não espere nada sisudo ou pretensioso.

    O mantra máximo do chef da 3ª geração de uma das famílias mais importantes da culinária francesa é só um: fazer comida gostosa. Para isso, no seu menu de sete passos, usa técnicas a nível de excelência e abusa (do melhor jeito possível) de manteiga, molhos caprichados e acidez na medida – com seu toque autoral, claro. A beterraba assada vem com uma “terra” de chocolate salgado, enquanto a vieira no ponto perfeito leva um ponzu de kombucha de café e a galinha da angola é lambuzada em um molho de mocotó e vinagre. Na sobremesa, por que não misturar crumble de chocolate, sorvete de baunilha e cogumelo paris fresco?

    A proposta é que o menu seja divertido – um “fun dining”, como Thomas gosta de chamar, como se estivesse recebendo convidados na cozinha de sua própria casa. Além dos pratos untuosos, de comer lambendo os beiços, o ambiente é vibrante. Não espere música de elevador e nem volume baixo. O chef faz questão de colocar a trilha sonora lá em cima, com hits escolhidos a dedo por ele, de The Police a Madonna e Tim Maia. Em algum momento da refeição, você se pegará, no mínimo, batendo os pés e mexendo a cabeça no ritmo da playlist.

    A experiência sai R$ 650 por pessoa (sete pratos), mais R$ 380 com harmonização.



  • San Omakase

    Escondido despretensiosamente dentro de uma galeria no Leblon (como alguns dos melhores restaurantes no Japão), o San Omakase mal completou dois anos de vida e já se tornou o primeiro restaurante de comida japonesa do Rio a ganhar uma estrela Michelin, na edição de 2024 do guia.

    A pouca idade do endereço, no entanto, é inversamente proporcional ao tempo de experiência do seu idealizador, o chef André Nobuyuki Kawai, com 30 anos no ramo, entre temporadas no Rio e no Japão. Presidente da Nagoya Sushi School, a maior escola de culinária japonesa da América Latina, Kawai se ocupava com consultorias para outros restaurantes até receber um convite: elevar o nível do sushi carioca. Missão cumprida.

    São apenas 30 metros quadrados, com capacidade para oito pessoas, em que só resta passar as próximas horas da experiência admirando o trabalho do chef – e abrir mão do controle. Se acomode, escolha seu próprio copo de saquê e confie na equipe que, naquela manhã, selecionou os peixes e frutos do mar mais frescos do dia. Entre eles, espécies pescadas não muito longe, e nem sempre apreciadas: olho de cão, carapau, pargo, perna de moça. O bluefin, o melhor dos atuns e queridinho dos omakases, também aparece e brilha em cortes como o otoro dry aged por 27 dias. Wagyu e a tradicional omelete japonesa tamagoyaki, com enguia, também aparecem na degustação, com 15 pratos no total.

    A sobremesa desenvolvida pelo renomado chef pâtissier Cesar Yukio (recentemente campeão da 1ª temporada do Masterchef Confeitaria) e a seleção de saquês master sake sommelier Leandro Ishibashi completam a experiência.

    O valor do menu é R$ 680 por pessoa e a harmonização com saquês pode ser feita por mais R$ 290.



  • Oro

    Com quase 15 anos de existência e duas estrelas Michelin, o restaurante autoral de Felipe Bronze no Leblon exalta duas vertentes: o Brasil e a brasa. Na degustação, de 14 ou 18 tempos, toda criação do Oro passam em algum momento pela brasa – seja a da parrilla, do yakitori ou do carvão.

    Na sequência de pratos, a maioria feitos para comer com as mãos, a jornada nos leva por várias influências da culinária brasileira. Primeiro, com releituras criativas e deliciosas de clássicos da nossa cozinha: casquinha de siri, pão de queijo e camarão na moranga. Depois a imigração japonesa toma conta, mas com um toque autoral do chef. O peixe no temaki dá lugar a uma picanha defumada e uma gema de ovo curada, enquanto o mochi – típica sobremesa japonesa – vem em versão salgada, com camarão e chuchu.

    O Cervantes, um dos sanduíches mais icônicos do Rio, ganha sua versão elevada por Bronze, com barriga de porco na brasa, kimchi de abacaxi e aioli no pãozinho a vapor. Na hora de pegar em talheres, quatro pratos principais e três sobremesas completam a experiência. Tudo acompanhado por uma bela seleção de vinhos feita pela sommelière argentina Cecilia Aldaz, natural de Mendoza, com rótulos que vão da Alemanha à Hungria.

    O menu degustação custa de R$ 690 (14 tempos) a R$ 790 (18 tempos). Já a harmonização varia entre sete ou cinco rótulos, R$ 370 ou R$ 290 respectivamente.




  • Cipriani

    Dentro do centenário Copacabana Palace, em frente a icônica piscina do hotel, o chef italiano Nello Cassese traz suas raízes de forma moderna e leve no restaurante com uma estrela Michelin. Nascido em Nápoles, ele não se contenta em falar só de sua região: seu menu degustação, de 11 ou 14 pratos, traz tradições, ingredientes e receitas de norte a sul da Itália, sempre com um toque autoral do chef.

    A pizza é frita e feita pra comer em uma bocada só, enquanto o canolo vem recheado com tartar de atum. O risoto leva manteiga azeda, emulsão de ouriço, ostra defumada, missô vermelho e ar de alface-do-mar. A carne dry aged, maturada por 50 dias, traz uma redução de whisky defumado. A cada mudança do menu, Nello também gosta de trazer uma nova releitura do clássico tiramisù: a da vez foi apelidada de “Tirami…Up”, um crocante e granita de café com espuma de mascarpone e chips de merengue.

    A chave de ouro da refeição no Cipriani envolve dois carrinhos. Primeiro, os de petit fours, com uma variedade deliciosa de docinhos – de mini torrone a éclairs, macarons e bombons. Para fechar, Nello consagra um dos melhores momentos da noite: o gelato. Batida na hora, diante dos comensais, a torre de sorvete – cujo sabor muda diariamente, a depender do que há de mais fresco – encanta pela cremosidade.

    A degustação vale R$ 605 (11 pratos) ou R$ 735 (14 etapas) por pessoa. A harmonização, deliciosa e elegante, é mais do que indicada: com rótulos de vinho premium é R$ 700, enquanto a com super premium, R$ 1.200.



  • Oteque

    Atualmente 37º melhor restaurante do mundo pelo 50 Best 2024 e com duas estrelas Michelin, a casa de Alberto Landgraf faz um trabalho focado em peixes e frutos do mar. Em um ambiente elegante e amplo, uma casa de 1938 em Botafogo, a receita para qualquer prato do restaurante é o apuro técnico e o minimalismo. Não espere mil ingredientes ou afetações – o chef faz comida direta, com poucos insumos, todos da melhor qualidade. A interseção entre simplicidade e sofisticação, como Landgraf gosta de definir.

    Sente-se na mesa do chef para acompanhar de perto o trabalho da equipe enquanto experimenta um menu de oito etapas. Entre as criações, que mudam constantemente, peixe cru com tomates fermentados e trilha com molho de foie gras, emulsão de salsinha e ovas de truta. Vegetais também têm vez e voz no menu, como no creme de aipim com farofa, shitake confit e uma bela nuvem de trufas negras por cima. Na sobremesa, o já famoso sorvete de castanha do pará crua.

    Destaque também para as bebidas. Além de uma seleção de 400 vinhos (mais europeus, da Holanda à França e Portugal), a carta de drinks tem criações autorais como o Cartola (tequila, vermute dry, xarope de melão, limão siciliano e sal) e o Eat Me Drink Me, uma versão do Bloody Mary com ponzu e farofa de aipo.

    Fazer a degustação do Oteque sai por R$ 995 por pessoa, com duas opções de harmonização: vinhos light (R$ 795 por pessoa) ou vinhos premium (R$ 950).



  • Casa 201

    Inaugurada em maio de 2023 no Jardim Botânico, a Casa 201 é comandada pelo chef João Paulo Frankenfeld, formado pelo Instituto Paul Bocuse e com passagem em restaurantes estrelados da França, como Guy Savoy e Gordon Ramsay au Trianon. O tempo no país europeu inspira sua empreitada do começo ao fim: o chef traz suas versões de receitas e tradições francesas em nível de excelência, com muito apuro técnico.

    As oito etapas da degustação, que mudam a cada três meses, acontecem em um ambiente intimista, que serve apenas 20 pessoas por noite. Espere foie gras, ótimos pães de fermentação natural com manteiga, um belo pâté en croûte, charcutaria e deliciosos queijos artesanais.

    Aliás, a maioria dos insumos é feita in loco: quase 100% dos ingredientes são produzidos internamente, como o chocolate, sorvetes, massas, queijos e embutidos. As carnes são maturadas em casa, e o soro do leite vira doce de leite. A ideia é evitar industrializados, comprando só a matéria prima de pequenos produtores. “O restaurante é praticamente um laboratório”, se orgulha Frankenfeld. A diferença na qualidade certamente é sentida no paladar.

    O valor do menu é R$ 590 por pessoa, mais R$ 380 com a harmonização de vinhos brasileiros.



Lasai

Já com duas estrelas Michelin, o Lasai viu suas reservas ficarem ainda mais disputadas desde novembro, depois do título de melhor restaurante do Brasil e 7º melhor da América Latina pela lista 50 Best. A proeza é do chef Rafa Costa e Silva e equipe, que dão um espetáculo de cozinha de produto em Botafogo. O palco é um balcão em L, onde apenas 10 sortudos por noite acompanham os cozinheiros perfeitamente orquestrados em uma degustação de 15 pratos – que muda constantemente, a depender do que a natureza der de melhor.

Frescor é a palavra-chave do chef. Para isso, 80% do menu vem direto das duas hortas do chef, seus oásis de fertilidade à menor distância possível do restaurante. “Servimos à noite um vegetal colhido de manhã. Tudo é plantado com muito cuidado e mimo”, orgulha-se Rafa. Dali, saem a mais linda e colorida variedade de cenouras, abobrinhas, couves-flor e tantos outros legumes e raízes que você talvez nem tenha ouvido falar antes de se sentar no Lasai – tipo pepino-melão, a alcachofra de Jerusalém ou a beterraba branca.

Descontraída, a maior parte da experiência envolve snacks para comer com a mão, como um crocante de folha com creme de ervas e arauta (uma salada deliciosa em formato de petisco), ou o tempurá de chuchu com bluefin. Com tamanha sazonalidade, cada ida ao restaurante será única.

Outro grande ponto alto do Lasai é a harmonização, daquelas que nem de longe passam despercebidas ao final da refeição. Culpa da sommelier Maíra Freire – eleita a sommelière do ano pelo Guia Michelin 2024 – e sua habilidade de garimpar rótulos diferentões e fora do lugar comum. De saquê do japão a um Pinot Gris da Alsácia, o Brasil é o que mais brilha nas taças. Exemplo é a cerveja Reserva Brasil, da Fermentaria Local, que surpreende: com base de mandioca e milho, é envelhecida em amburana e leva mel de mandaçaia, uma abelha nativa. Memorável.

O menu degustação sai por R$ 1.250 por pessoa, com mais R$ 680 com a harmonização.

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